quarta-feira, novembro 24, 2010

Isca com melaço controla broca da cana-de-açúcar

Aplicação de defensivos com 5% de melaço é recomendada contra a praga, já que controle biológico não é muito eficaz em algumas regiões

Juliana Royo

A broca da cana-de-açúcar causa inúmeros prejuízos aos produtores e, normalmente, é controlada através do uso de vespinhas que são inimigas naturais da praga. No entanto, em algumas regiões, principalmente no Estado de São Paulo, as condições climáticas para o desenvolvimento da broca são tão favoráveis que as vespinhas não conseguem dar conta de fazer o controle total. Com isso, muitos produtores passaram a utilizar pulverizações de químicos nas plantações com reguladores de crescimento, o que acarreta danos ambientais.

Para resolver estes problemas, pesquisadores da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiróz), da USP (Universidade de São Paulo), desenvolveram uma forma alternativa de combate à broca. Eles descobriram que adicionando 5% de melaço aos químicos reduziria o impacto ambiental do produto e aumentaria a eficácia do controle. As mariposas adultas da broca da cana são atraídas pelo melaço e ao se alimentarem ingerem o veneno presente no agrotóxico. Dessa forma, a praga é controlada na sua fase adulta, antes da formação dos ovos, o que torna o controle muito eficaz. Além disso, é uma alternativa econômica já que é necessário o uso de menor quantidade de químicos e o melaço é um produto barato produzido pela própria indústria canavieira.

— Nós tentamos desenvolver uma isca para que ela pudesse atuar sobre a praga adulta, que é a mariposa. O controle químico convencional existente era feito através da lagarta e a ideia de controlar o adulto é melhor. É mais econômica porque a gente mata o adulto antes dele gerar os ovos e antes de começar o ataque intenso à lavoura. O sucesso da pesquisa foi descobrir que ao adulto da broca basicamente não precisa se alimentar. A mariposa só come se o alimento estiver muito próximo dela, sem grande esforço. Com isso, verificamos que a isca deveria ser colocada a mais ou menos 0,5 metro de distância da mariposa para ela se alimentar do melaço e, consequentemente, ser afetada pelo veneno — explica o pesquisador Otávio Nakano, professor da Esalq.

O melaço deve ser utilizado na proporção de 5% do total da calda, que é de cerca de 20 litros por hectare. Ou seja, é usado em torno de 1 litro de melaço por hectare misturado com inseticida. O pesquisador diz que os produtores que não tiverem acesso ao melaço podem fazer a substituição por hidrogén, que é uma substância extraída do óleo de soja e também mostrou grande eficácia nos estudos feitos para o controle da broca da cana-de-açúcar.

Fonte: Portal dia de campo

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