quarta-feira, novembro 24, 2010

Soja: Ferrugem pode atacar antes do florescimento nesta safra

Com o grande atraso no plantio da soja, a doença pode pegar a planta ainda muito jovem e o monitoramento da lavoura deve ser intensificado
Juliana Royo
17/11/2010
O efeito do fenômeno climático La Niña sobre a atual safra de soja está sendo alarmante. Com a instabilidade e atraso das chuvas, o plantio do grão está mais atrasado do que se esperava e, com isso, as doenças podem causar prejuízos maiores do que os anos anteriores. Um dos problemas a ser enfrentados pelos agricultores de Mato Grosso é a ferrugem, uma doença grave da sojicultura que causa a desfolha da planta, reduzindo consideravelmente a produtividade. O grande atraso no plantio vai fazer com que ferrugem entre na lavoura na fase inicial de desenvolvimento da planta atacando a planta ainda muito jovem.
A Fundação MT está rodando o Estado do Mato Grosso entre os dias 16 de novembro a 3 de dezembro para orientar os produtores em relação ao manejo das doenças nesta safra. Segundo o pesquisador Fabiano Siqueri, a recomendação é para que os agricultores fiquem mais atentos aos sinais da lavoura e intensifiquem o monitoramento para saber se a ferrugem já chegou à plantação. Se ela atacar a planta ainda antes do florescimento, a aplicação de fungicidas deve ser feita imediatamente. Caso contrário, os produtores devem esperar o período de florescimento para fazer a aplicação preventiva após esta fase.
Outra recomendação importante é o uso de variedades resistentes à ferrugem ou menos suscetíveis. A Fundação MT, em parceria com a empresa TMG, lançou duas cultivares resistentes na safra passada: a TMG 801 e a TMG 803. Outra variedade já está sendo desenvolvida para a próxima safra. O problema é que a grande maioria dos sojicultores do Estado, cerca de 90%, ainda plantam os materiais suscetíveis à doença. Os cuidados no manejo da lavoura também são muito importantes para diminuir a incidência da doença ou, pelo menos, atrasar a chegada dela na lavoura. Entre as medidas que devem ser tomadas estão o uso de sementes sadias, o plantio na época adequada, o respeito com o ciclo da cultivar escolhida e plantio com espaçamento adequado para desfavorecer o surgimento do fungo.
Outras doenças


A mancha-alvo e a antracnose também são doenças importantes que precisam ser controladas pelos produtores. No caso delas, os cuidados de manejo são ainda mais importantes porque os químicos existentes no mercado não são eficientes no controle destas doenças. Uma das recomendações mais importantes é a adoção do sistema de rotação de culturas, que diminui bastante os problemas com doenças na lavoura de soja, mas praticamente não é utilizado no Mato Grosso.


— O controle químico é ineficiente contra estas doenças. Os produtores às vezes aplicam muito produto sobre estas doenças, mas o resultado é pouco efetivo. Estamos recomendando o uso de variedades menos suscetíveis a estas doenças, além da rotação de culturas. Aqui no Mato Grosso é a monocultura de soja domina e isto é um fator que acarreta o aumento de doenças ao longo dos anos. Plantar no espaçamento adequado fazendo com que o microambiente fique desfavorável aos fungos e seguir as recomendações de época de plantio também são recomendações que a gente está fazendo aos produtores — explica Siqueri.

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